terça-feira, 14 de junho de 2011

Esse porto já não é meu...


De coração vazio espero por ti do outro lado da margem, quieta, serena, fitando toda a linha que delimita a margem em que te encontras… e por ali fico, quase que apática esperando que aquele barco de madeira, feio, desgastado pela intempérie te leve para junto de mim.
Espero pelo êxtase que a tua vinda causará… Anseio por um despoletar de emoções antagónicas… Mas isso era no tempo em que esperar por ti representava tudo para mim… Em que a tua vinda preenchia meu olhar de uma felicidade inigualável!
Assim passaram dias, que se transformaram em meses e mais tarde anos… Com tantos dias passados as raízes que me prendiam àquele chão, que me mantinham de olhos brilhantes e repletos de esperança, subitamente se transformaram numa espécie de massa amorfa, fazendo com que me conseguisse finalmente libertar daquele solo que durante muito tempo foi meu lar, meu aconchego, meu alimento, minha força de viver.
Finalmente me consigo desligar desse solo, levantar-me e seguir em frente sem saudades de olhar-te pelas frechas existentes entre o nevoeiro. Aquela margem já não me pertence, é um porto vazio, sem amor, sem esperança… Já nada espero de ti… Não remes mais esse barco… Não te fito mais, não te sinto como antes, não espero que as nossas margens se voltem outrora a encontrar… O fado afastou-nos, criou em nós uma distância imutável que perpetuará para sempre, porque afinal esse porto já não me pertence, já não é meu…